terça-feira, 12 de abril de 2011


Na ABL, Ronaldinho rejeita o rótulo de doutor, mas manda sua letra


Ainda em busca de ser imortal no Flamengo, jogador aparece com estilo despojado, fica com cara de ponto de interrogação, mas esbanja simpatia

Ronaldinho Gaúcho é mais chegado em pandeiro do que em livro. Mas no início da tarde desta segunda-feira, o camisa 10 do Flamengo esteve na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, para participar da homenagem pelos 110 anos de nascimento do escritor e torcedor rubro-negro José Lins do Rego. Tratado como 'Doutor Ronaldinho' na plaquinha que demarcava seu lugar na mesa, ele fugiu do rótulo.
- Doutor, não. Não... - brincou Ronaldinho, gargalhando, depois de o presidente da ABL, Marcos Vilaça, ter revelado o que estava escrito na placa.
- Ele é doutor do futebol - completou outro convidado da solenidade.
O jogador dispensou o terno. Ronaldinho apareceu na ABL de camisa social preta, calça jeans, a tradicional boina, brinco de brilhante, cordões, pulseiras e relógio de ouro. Vanderlei Luxemburgo, Patrícia Amorim e outros dirigentes do Flamengo estiveram presentes.
Ronaldinho e Vanderlei receberam a medalha Machado de Assis, a maior honraria da ABL. Patrícia Amorim foi agraciada com a medalha do ano comemorativo de Joaquim Nabuco.
- Fui o primeiro e único jogador a receber esta homenagem. Acho que isso aconteceu por eu estar no Flamengo na hora e no momento certos.

Ronaldinho esteve atento aos discursos. Algumas vezes, gargalhava. Em outras, parecia meio sem ambiente e com cara de ponto de interrogação. O camisa 10 e Vanderlei entregaram ao presidente da ABL uma camisa do Flamengo com o número 10 e o nome de José Lins do Rego gravado nas costas. A peça ficará no Centro de Memória da Academia. Depois, todos os presentes almoçaram sem a presença dos jornalistas.
O camisa 10 brincou com o fato de ter dado um passe de letra para Rodrigo Alvim no domingo, no clássico contra o Botafogo, um dia antes de estar entre os letrados.
- Foi coisa do destino.
Perguntado se pode ser considerado um imortal no futebol, Ronaldinho, meio sem jeito, disse:
- Não.
Foi o suficiente para alguns presentes afirmarem que 'sim', e aplaudirem o jogador, que completou:
- Já passei por muitas coisas boas, pretendo continuar no mesmo nível para as pessoas lembrarem de mim daqui a alguns anos.
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu em 1901, no Estado da Paraíba, e morreu em 1957 na cidade do Rio de Janeiro. O escritor ficou conhecido por obras como o Menino do Engenho e Fogo Morto, e foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Por volta de 1935, ele tornou-se um dos diretores do Flamengo.
Cercado de quadros de escritores imortalizados por suas obras, Ronaldinho aprendeu um pouco mais sobre o que é letra no lado de fora dos gramados. Dentro de campo, o camisa 10 luta para escrever sua história e se tornar um imortal no Flamengo

Nenhum comentário :

Postar um comentário